O Poema do Início
Maurício tinha Joana atordoada
Como Pedro lamentava pelo tormento
A vossa guerra fermento plantava
E Maurício tinha Joana e mais nada.
Mas, na verdade, Maurício não tinha Joana
O que fazia era alimentar aquela cega chama
Como quem, só, se engana.
Vivia ele por um tempo e então se lamentava
Porque Maurício escrevia longas cartas
Apenas para ser julgado em casamentos
Embora ele já mal soubesse
Que Joana só respondia por decreto
Amarrada a pianos
Lágrimas derramando
Sangue inflamado
Aflorando na coitada
Era uma só desgraça
Não tinha graça.
Mas Maurício, como já dito, não tinha nada
Firmava-se em verbo intransitivo
Fazia metáforas com penhascos
Desenhava seu próprio carrasco
Imaginava-se rasgando-se ao meio
Com Pedro acertando-lhe um único tiro
Bem fundo e cravado no peito.
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