Aqueles por trás dos livros: conhecendo editores e escritores - 2

13:00 Igraínne 2 Comments


Há pouco tempo publiquei o primeiro post de uma sequência de entrevistas voltadas ao mercado editorial. Na postagem de estreia, divulguei as falas de Pedro Almeida, editor-chefe da editora Faro Editorial. Dessa vez, em especial porque minha ideia inicial era gerar uma sequência que pudesse ser um casamento perfeito, trago uma conversa corriqueira com o autor Vinícius Grossos, sucesso de vendas na Bienal do Livro de 2015 e 2016. Grossos já publicou três livros: "Sereia Negra", "O garoto quase atropelado" e "1+1: a matemática do amor". Desses, apenas o primeiro não foi publicado pela Faro, enquanto o último é o resultado de uma parceria com Augusto Alvarenga. 

Dessa vez, falamos um pouquinho a respeito da posição do escritor frente ao editor: como Grossos foi parar na Faro e o que o motiva a seguir em frente. Além disso, assim como na entrevista de Almeida, preferi fazer alusão a assuntos atuais, como a plataformas de escrita da internet.  

Enjoy. 

1) Você e o Augusto Alvarenga lançaram um livro sobre representatividade, chamado "1+1: a matemática do amor". Você acredita que a Bienal do Livro, tanto a de São Paulo quanto a do Rio ou de qualquer outra cidade, tem o potencial para desencadear novos gêneros literários? 
Grossos: Eu acho que a Bienal na verdade é a grande vitrine: é onde os vários gêneros e estilos literários se encontram! Lá tem para todos os gostos e estilos. E, felizmente, mesmo tratando de um tema ainda não tão aceito, o "1+1" conseguiu se destacar no evento.

Grossos e Alvarenga com o livro "1+1". Fonte: http://www.playmymind.com.br/2016/05/previa-do-1-mais-1.html

2) Há um investimento maior relacionado ao autor brasileiro, especialmente por conta da crise. Você pode comentar um pouco sobre as possíveis ajudas que as plataformas digitais fornecem para esses novos autores (como Wattpad, Amazon, até o Youtube)?
Grossos: Então, o Wattpad, o youtube e as redes sociais em geral têm uma função muito parecida: elas estreitam os laços entre o autor e o leitor. Antes esse caminho sofria muitos ruídos e agora acontece de uma forma direta, o que é muito legal. As duas partes podem entender melhor os sentimentos um do outro. E é como você disse: a crise fez o mercado procurar algumas chaves dentro do próprio país, por causa de uma série de facilidades. E felizmente eles encontraram vários talentos. 

3) Como foi para você alcançar uma editora? Você acredita que o envio do original, aquele envio tradicional, está sumindo? 
Grossos: Foi uma batalha bem cansativa. Desde 2010 eu escrevo e só entrei em uma editora grande em 2015. A verdade é que não existe um caminho certo; cada um encontra o seu jeito de fazer dar certo. Quando enviei o original de "O garoto quase atropelado" para a Faro, eles ainda recebiam de maneira tradicional. Só que eles já tinham ouvido falar de mim por causa do "Sereia Negra", o que fez com que olhassem para o livro de forma mais atenciosa. O fato é que hoje em dia está acontecendo um caminho inverso: o autor tem se lançado independente, conseguido seu público base, para depois ir para uma editora. Mas isso é muito dinâmico. Amanhã pode ser que tudo mude novamente. 

Grossos com seu primeiro livro, "Sereia Negra". Fonte: http://www.detudoumpouquinho.com/2015/12/conhecendo-o-autor-vinicius-grossos.html

4) Como surgiu a ideia de unir blog, escritor e youtube nesse novo livro (recentemente anunciado)? Você acredita que o livro de contos é o formato que mais vem ganhando espaço? 
Grossos: A ideia veio da editora, e eles meio que pensaram em fazer algo que ainda não tinha no mercado. Realmente, é a primeira vez que eu vejo essa união de 3 segmentos de pessoas que se comunicam com os jovens. E eles quiseram fazer isso, porque meu editor percebeu que por mais que eu, a Gabi e Thais tivéssemos maneiras e plataformas diferentes para nos comunicarmos, nossos textos tinham uma ligação quase complementar. Acredito muito esse segmento porque, primeiro, provoca a junção das bases de fãs; e, segundo, traz histórias mais rápidas e dinâmicas, mais fáceis de serem absorvidas. 

5) Em relação aos seus dois livros lançados pela Faro e o que você lançou anteriormente: você acredita que sua forma de escrever mudou? Acredita que o mercado influencia isso? 
Grossos: Muitoooooooo! O "Sereia Negra" infelizmente não teve uma intervenção de editor, coisa que os outros livros tiveram. E aprender esses pequenos detalhes me fez crescer muito como autor, como profissional. Em relação à influência do mercado... Eu ainda não consegui sentir isso. A maioria dos livros que eu ainda pretendo fazer, surgiram de ideias anteriores ao "O garoto quase atropelado", apesar de acreditar que uma coisa ou outra a gente sempre absorve.

6) Muita gente questiona a profissão de escritor como promotora de renda. Você acredita que é possível, no Brasil, viver apenas de escrita? 
Grossos: Bem, a verdade é que esse é o meu sonho, então preciso acreditar que é possível, sim. Acho que se você não é uma pessoa famosa e sua grande ferramenta é a escrita, esse caminho vai ser longo e pode demorar, mas em algum momento.... acontece.

Arte da capa de "O garoto quase atropelado".

Agradecimentos finais: agradeço imensamente ao Vinícius e à Faro por terem se aberto a esse tipo de contato. Para mais informações sobre a editora, corre aqui

2 comentários:

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