Sobre eles, os homens que vieram de longe

19:57 Igraínne 1 Comments


É verdade, eu disse a muita gente que eu tinha superado. Que eu seguiria, que eu amaria, que eu me deixaria levar. É verdade, namorei outros homens, outros meninos, outras bocas e outros abraços. É verdade, é verdade. Você sabe disso. Talvez porque também tenha feito (ou ainda faça).  Não importa muito, os caminhos seguem da mesma forma, você com ela, você sem ela, eu com ele, eu sem ele.

Uma vez escrevi um texto superando. Eu sempre me enganei. Da última vez, eu estava firme. Eu estive firme abraçando a distância - por algum motivo, é a minha sina, é o meu destino. No início, havia mergulhado no relacionamento numa tentativa estranha e cega de auto-superá-lo, o que pra mim fazia todo sentido, embora não fizesse sentido algum. Após três meses, continuei pensando em você. Após seis meses, eu já tinha desistido de sufocá-lo com outro alguém - estava me conformando com a ideia de que isso não aconteceria.


E não aconteceu. Após cada término ainda remonto a ponte aérea. Remonto, como quem vai a esquina comprar pão, o caminho que fazia com você para ir ao cinema a pé: eu ia sozinha e você, de carro. E novamente refaço as palavras, os carinhos, os apelidos, os bonequinhos e a coleção do Star Wars. É difícil, eu sei. Sei também que sempre será.

Da última vez que nos encontramos, eu menti. Menti tanto que ao chegar em casa chorei por duas décadas. Menti que estava bem, que havia encontrado alguém. Menti que queria ser sua amiga que podia lidar com isso. Você fingiu ser outra pessoa, distante, frio. Eu não poderia culpá-lo por isso.

Ainda não posso.


Mas hoje você já não se lembra de nada. Assim como eu tenho minhas lembranças falhas, picotadas pelos descasos dos pingos de chuva da sua cidade acinzentada. Pensei que o futuro talvez um dia me levasse para perto de ti. Acreditei nisso durante algum tempo.

Até que enfim parei de acreditar.

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